Thursday, April 27, 2006

Em busca de um conflito

A poucos dias eu estava pensando em um novo assunto para escrever. Procurava
algo conflitante, que não soasse chato ou monótono. Foi então que surgiu a seguinte questão: não tendo um assunto intrigante, que colocasse um conflito, o texto seria necessariamente chato? Pronto. Havia arranjado um assunto para escrever. Mais do que isso: um conflito.

Sim. Seria interessante pararmos pra pensar no papel que o conflito tem na arte. Estamos falando daquela parte da música, do filme ou da história que nos causa tensão e cria uma oposição, intensidade, do tipo: "Nossa!! E agora? O que virá pela frente?".

Mas será que uma obra sem a presença deste perderia a graça? Acredito que não. Pelo simples motivo de que, mesmo não estando ali este conflito, o fato de termos consciência de que ele poderia exisitir já nos causa tensão. Não precisamos de um acorde de dominante ou outro elemento forte pra criar expectativa em uma música. Ou ainda, uma parte extremamente repetitiva e lenta poderia causar muito mais agonia, tensão - ou dependendo, curiosidade - sobre o que viria depois. Algumas bandas - o Creed, por exemplo, usa muito isso - colocam no final da música o refão em forma acústica, pra a partir disto, criar um contraste muito mais forte.
Outro exemplo do que estou tentando dizer: você assiste a um filme totalmente calmo. Lá pela metade pro fim do filme tudo continua tranquilo, sem nenhuma mudança. O que você pensaria? "Alguma coisa tem que acontecer". (Tá certo que a regra só se aplicaria na primeira vez que você assistisse ao filme, mas tudo bem...). De qualquer modo, se fosse pra fazer um resumo de tudo isso, eu diria que a espera pelo conflito traz ainda mais conflito do que o próprio conflito.

No comments: