Friday, September 18, 2009

O segredo da banda Keane

Quando o nome Keane vem a cabeça, me lembro especialmente de 4 coisas:

-A semelhança com o rock de bandas britânicas como Travis e o Coldplay

-A ausência de guitarra e baixo na formação principal

-A presença do piano marcante, que caracteriza as músicas

-As notas agudas alcançadas pela voz de Tom Chaplin

Contudo, há algo que torna o Keane realmente único e diferente dos outros: uma inversão entre a causa e o efeito.

Eu explico: Bono e Chris Martin são reconhecidos por serem vocalistas do U2 e Coldplay, respectivamente. Da mesma forma, Noel e Liam são nomes identificados por pertencerem ao Oasis. O mesmo não parece ocorrer com o Keane. Tom Chaplin não parece ser valorizado por ser o vocalista do Keane. Pelo contrário: o Keane demonstra ser a consequência dos talentos do vocalista Chaplin, do pianista de Tim Rice-Oxley e do baterista Richard Hughes.

Pelas músicas, vídeos e especialmente nas letras da banda, percebe-se que seus integrantes trazem uma mensagem ao público. De alguma forma, elas indicam uma não identificação com a vida urbana:

Alguns exemplos. Everybody's Changing diz: "Todo mundo está mudando, mas eu não sinto o mesmo". Da mesma forma, Somewhere only we know fala: "Este pode ser o fim de tudo, então por que não vamos em um lugar onde só nós conhecemos? Perfect Simmetry diz, em tradução livre: "Quem é você, por que vive dente por dente? Essa vida se completa em perfeita simetria. O que eu faço será feito contra mim". Spiralling, que abre o último álbum, fala: "Eu espero pelo meu momento. Espero por uma revelação, espero alguém pra me incluir. Porque agora só vejo meus sonhos e tudo que toco sinto as mãos frias deles (...) Estamos desmoronando, estamos entrando numa espiral".

Vamos combinar que Chaplin não é um cara normal. Ele parece estar em uma dimensão mais avançada do que a maior parte de nós - uma espécie de quarta dimensão. O jeito de andar e a maneira de falar dele são diferentes. O que notei nele foi o mesmo que apareceu em artistas como Cazuza, Renato Russo, Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, que não sei explicar bem o que se trata, mas talvez voce também perceba. O exemplo abaixo pode ajudar a entender.

Há algum tempo atrás, Tom foi zombado por integrantes de outras bandas devido ao seu excesso de peso. Isso o levou, na época, à depressão e ao uso de drogas. A resposta que Tom deu às críticas, após recuperado das drogas (e com peso mais baixo) foi: “Muitas bandas querem ser ouvidas e é uma pena quando você desvaloriza isso fazendo inúteis e maus comentários sobre outras pessoas. Todos viemos da mesma escola e temos o mesmo sonho, e é um pouco chateante, sem dizer também inútil. Eu me tornei imune a muitas coisas e eu tive que desenvolver uma grossa pele*.”

Este e outros exemplos apontam que o Keane parece não ter a mesma pretensão que outras bandas tem, de querer ser a maior banda do mundo. A humildade, expressa até o momento por Tom e os outros integrantes, é algo que o torna único. Comparando com o primo Coldplay, isso se torna evidente - Chris Martin que me perdoe, mas na minha opinião, desde o sucesso mundial do Coldplay, ele ficou um tanto chato e repetitivo nas entrevistas, por vezes se irritando sem necessidade. (Bem, talvez tenha seus motivos, enfim...).

Só pra concluir: o Keane difere das outras bandas por representar apenas a união de três músicos. Eu não posso dizer a mesma coisa de bandas como U2, Oasis e Radiohead. Estas, além do talento dos integrantes, são nomes, marcas,
sinônimos de grandeza (falaremos nesse assunto em um futuro tópico). Seus shows são também espetáculos sonoros e visuais. Embora isto também os faça excelentes bandas, não carregam nem de perto a simplicidade do Keane, cujos integrantes não se consideram acima do público. Aliás, este é o segredo do Keane: seus integrantes.


*http://keane-forever.blogspot.com/2007_10_01_archive.html

Saturday, June 27, 2009

Michael Jackson - desabafo

Fiquei triste. Me lembrei, assim como tantas outras pessoas, das músicas que tocavam quando eu era menor, dos copos da Pepsi e do clipe de Black or White - especialmente na parte final, das mutações das pessoas.

E foi assim com os mamonas (escrevi com letra minúscula de propósito).

Mas a questão de disucussão não é essa. A questão é a que meneira com que maioria de nós enxerga a morte parece que está errada - me refiro à ideia de morte como uma interrupção da vida. Isso parece ruim.

A ideia de morte como inesperado também me parece errônea, vou tentar explicar: muitos de nós, enquanto estamos entretidos com as coisas da vida, com o espetáculo que é o mundo, não percebemos que há muitas pessoas na nossa volta no qual nós poderíamos ter mais contato. E, por isso, quando recebemos uma notícia de falecimento, como estávamos com a cabeça em outros focos, percebemos-a como algo inesperado. Mas por que não inverter isso?

Vou dar outro exemplo de como esse assunto ainda é estranho para nós: digamos que o responsável por um blog famoso venha a falecer. A divulgação desta notícia - o falecimento do autor - pela imprensa pode fazer com que dobre o número de visitas do blog em apenas um dia, mesmo não tendo absolutamente nenhuma influência no conteúdo. Não é estranho?

É claro: adquirimos uma ligação emocional com a vida, com as pessoas e até com as coisas. Por um lado isso é muito bom. Mas, por outro isso é ruim: nos fazer sofrer mais do que o normal.

De certa forma, os meios de comunicação também têm participação nessa visão um tanto banalizada, um tanto negativa da morte, do qual nós aceitamos e alimentamos durante à fase adulta. Primeiro, por acostumarmos com a violência como responsável por diversas causas, o que é observado nas páginas policiais. Segundo, por nos depararmos, todos os dias, com notícias de falecimento. Embora a intenção de muitas notícias seja positiva - como o fato de homenagear - também acaba trazendo efeitos inversos - quem de nós, alguma vez, já não pegou o jornal para ver quem morreu no dia?

Não se trata de uma maneira errada de lidar com ela?

O filme Patch Adams sugere, em um dos trechos, uma maneira muito mais criativa de se ver a morte: cita expressões com o mesmo significado que substituem o termo - subir no telhado, bater as botas, entre outras. Parece ser uma boa ideia.

Penso que no momento em que entendemos que essa vida é apenas um início, passamos a ter um melhor relacionamento com a morte, pois entendemos que ela é a passagem para outra vida. Casos de esperiência de quase morte (EQM) e viagem astral revelam algumas conexões com o mundo que há além essa vida. Certamente há muito que não sabemos.

O importante é ter consciência de que uma boa relação com o fim dessa vida pode melhorar a relação com o início e com o meio dela.

Claro, isso não impede que a gente se emocione e, algumas vezes, deixe cair lágrimas. Pois, como dizem - é a vida.

Tuesday, June 23, 2009

Duas visões do mundo

Basicamente, podemos ter duas visões do mundo.

A primeira: aquilo que vemos é uma imagem.

A segunda: aquilo que vemos é uma realidade.

Pessoas que vêem o mundo como uma imagem, geralmente são mais detalhistas. Gostam de cuidar dos detalhes e de que as coisas não saiam do lugar. São bem objetivas, mas também costumam ser bem emocionais. Também gostam de estar no conforto. Gostam de novidades. Se recebem presentes, é importante que a embalagem seja bem preparada e que não contenha falhas. Prestam atenção no resultado final de determinado objeto e não se interessam tanto pela história ou o modo como foi feito. Costumam estar atentas ao relógio e prestar atenção nas situações.

Pessoas que vêem o mundo como uma realidade não possuem quase nenhuma necessidade de conforto. Muitas vezes, convivem com uma certa bagunça. Utilizam bastante a imaginação e a criatividade. Para elas, não importa o país, o estado ou a cidade que estejam - elas sempre estarão dentro dos limites da Terra. Procuram saber a história de determinado ítem. Não são facilmente seduzidas. Por isso, os anúncios publicitários terão muito menor efeito nessas pessoas. Não ligam muito para embalagens, pois só enxergam o literal e não percebem o valor agregado dos produtos. Não possuem uma ligação forte com o ego. Além disso, as pessoas que vivem a realidade costumam tentar fazer as coisas por si próprias, não tem medo de errar. Prestão bastante atenção nas outras pessoas.

A figura de uma praia em um dia de sol lotada de guarda sóis lembrará, para a pessoa que vê o mundo como uma imagem, um dia quente de verão, onde o sol bate forte e as pessoas estão curtindo a areia e o mar. Por outro lado, para a pessoa que vê o mundo como uma realidade, a situação será de diversas pessoas interagindo de forma diferente com a paisagem.

Para a pessoa que vê o mundo como uma imagem, o tempo é regular.

Para a pessoa que vê o mundo como uma realidade, o tempo é abstrato.

E você? Como você enxerga o mundo?

Sunday, June 14, 2009

Competição

Par ou impar - autorama - cara ou coroa - pega-pega - esconde-esconde - cobra-cega - caçador - sinuca - fliperama - pife - nota de boletim - polícia e ladrão - fila pra ingresso no cinema - verdade ou consequência - vestibular - balada - carteira de motorista - vaga de emprego - vaga de estacionamento - fila de banco - fila de supermercado - Poker - pescaria - Cassino - Fórmula 1 - Mega Sena - concurso de beleza - concurso público - mercado de trabalho - seleção natural.

Não há dúvidas de que a competição pode ser - e é - algo divertido e positivo, quando tratada de forma justa e levada na esportiva. A questão é o quanto ela pode ser algo terrivelmente prejudicial, se começarmos a tratar o outro como um adversário. Por que não viver de forma mais harmônica? Usar a criatividade, usar as ideias pra tornar as pessoas menos competitivas. Mas, sem querer, acabamos transformando o dia-a-dia em uma espécie de jogo. O que ganhamos é uma felicidade de pouca duração. Assim, quem perde, somos nós mesmos.

Wednesday, April 15, 2009

A inversão entre o bem e o mal

Olá a todos!

Certo dia estava lendo um colunista no jornal (infelizmente, não lembro o nome agora) falar sobre vilões e mocinhos. E o fato de o vilão ser muito mais atraente pras pessoas do que o mocinho. Para mim, isso não é um acaso - nosso mundo chegou ao extremo de que o bem e o mal se inverteram.

É simples: a pessoa boa, pelo fato de já ser boa, não precisaria mais demonstrar isso - pois sua bondade já estaria implícita, não precisaria mais ser provada. Com isso, perde-se o objetivo de fazer o bem e de fazer gestos de espontaneidade, mesmo pequenos sacrifícios. Ok, até aí, sem problemas. Entretanto, para se ver livre dos problemas e estar bem consigo mesma, muitas vezes ela tem que cometer atos como mentir, esculachar, fazer fofoca ou coisas de modo escondido. É aí que surgem os problemas da vida - pela falta de um maior diálogo e companherismo.

Você já ouviu aquela frase "tudo que é proibido é mais gostoso"? Essa frase é um reflexo do quanto muitas pessoas boas não se contentam com o que possuem e querem mais.

O maior medo da pessoa boa não quer ser um "loser". O loser, para ela, é o cara infeliz, sem amigos e que nunca será ninguém na vida. Essa pessoa, portanto, fará o possível para ser aceita socialmente e mostrar que é campeã. É a legítima "maria vai com as outras". Já o loser, como já passou pela experiência de ser ridicularizado e viu que não há nenhum perigo, não terá medo de ser ele mesmo. A cantora Mallu Magalhães disse uma vez em entrevista que todos deveriam passar pela experiência de serem losers um dia, pra valorizar as coisas que possuem [eu, que já tive o prazer de passar por essa experiência, acho engraçado como os assuntos das pessoas, em geral, são feitos por simples interesse e apenas para mostrar o quanto elas são boas]. O cantor Wander Wildner falou que não gosta do termo "fã", pois o fã geralmente é um cara que chega de uma forma agressiva para o artista.

Falando agora sobre a pessoa "do mal" - exemplo, que ouve heavy metal, veste-se de preto e gosta de tomar vinho no cemitério. Esta pessoa certamente valoriza muito a vida e os amigos. Embora seja comum o visual estranho e agressivo, acredito que ela seja incapaz de praticar o mal e de julgar as pessoas.

É importante prestarmos atenção no modo como os programas de televisão trabalham os personagens do bem e do mal e o quanto esses mesmos ganham estereótipos. Pode-se ver que, em grande parte das vezes, mesmo os personagens do bem apresentam atitudes que nenhum bom vilão (com o perdão do trocadilho) tomaria.

Tuesday, April 07, 2009

É triste, mas é verdade...

Nosso mundo parece ter chegado ao extremo do caos e da banalidade.

Tudo parece estar banalizado: a amizade, o amor, o sexo. Até mesmo a vida.

Diariamente, pessoas se tratam e são tratadas como se fossem números.

Todos nós procuramos no mundo uma solução para os problemas "da vida",
quando, na verdade, é para nós mesmos que devemos olhar.

É possível mudar isso?
Como inverter a situação?

Questionar é fundamental.

"Não precisamos de um mundo perfeito, mas de um mundo que saiba conviver com a imperfeição".


Tuesday, March 31, 2009

Cidadão x Humano

Diferenças entre o ser cidadão e o ser humano:

Ser cidadão é valorizar o país onde nasceu. 

Ser humano, por outro lado, é valorizar o país sem deixar de estar atento às injustiças que ele possui. 

Ser cidadão é ter respeito pelas culturas diferentes.

Ser humano é querer aprender com culturas diferentes.

Ser um cidadão é pagar em dia os impostos.

Ser humano é também questionar pra onde está indo todo o dinheiro que pagamos?

Ser cidadão é eleger os responsáveis pelo país.

Ser humano é considerar-se responsável pelo país.

Ser cidadão é respeitar o planeta. 

Ser humano é considerar-se parte do planeta.

Sunday, February 15, 2009

Conquistas

Falamos sobre o papel dos conflitos. Hoje, falaremos sobre quase um oposto: as conquistas.

É indiscutivel a força que as conquistas têm nas nossas vidas. São elas as grandes responsáveis por nos darem forças para seguirmos.

Contudo, dizer que a vida é feita apenas de conquistas é um erro. A conquista é importante, mas querer que ela esteja presente sempre é o mesmo que desconsiderar a imperfeição das pessoas, desconsiderar os defeitos das pessoas - os defeitos de si mesmo.

A conquista é importante. Mas, mais do que isso, o caminho até ela tem ainda maior importância. Este grande caminho, que infelizmente é pouco lembrado pelas pessoas.

Nas ruas, nas cidades, todos parecemos viver apenas para cumprir objetivos. Vivemos apenas pensando no que deve ser feito. Muitos de nós ignoramos o mundo. Ignoramos a natureza. Ignoramos nossos sentidos. Ou melhor, não ignoramos os sentidos, mas os deixamos voltados apenas para o que é julgado como necessário.  

Com isso, momentos são perdidos. Oportunidades também são perdidas. E, ironicamente, conquistas também são perdidas. 

Pode-se ver que as notícias boas tem cada vez um menor ciclo-de-vida dentro das pessoas. 

Cada vez mais rápido nos esquecemos dos momentos vividos. É mais ou menos como se a cada dia fôssemos uma nova pessoa e o dia anterior não tivesse nenhum peso.

São muito poucas as pessoas que realmente vivem. As pessoas que vivem não tem medo de serem elas mesmas. São tolerantes com erros, perdoam os outros e a si. Não ligam tanto para o que os outros pensam delas. Agem não apenas por obrigação, mas por motivação. Exemplos que me lembro vão desde celebridades como Bono Vox até grandes anônimos, que vão desde crianças até idosos.

Fala-se na visão, missão e valores das empresas, mas todos esquecem que nós temos a nossa missão, nossa visão e os nossos valores - mesmo que um pouco frouxos ou fora de ordem, eles estão ali. O problema é que a maioria de nós se esquece disso.  

Claro que a culpa não é nossa. Temos uma cobrança grande da vida e é importante que, convivendo em sociedade, se tenha alguns filtros. Até porque, se não o mundo seria uma loucura só.

Contudo, acredito que seja possível cumprir as metas da vida (estudar, trabalhar) sem deixarmos o nosso EU de lado.

Não sou muito bom pra dar conselhos. Mas se eu pudesse dizer um, seria:
Não viva de conquistas. Mas viva às conquistas.